A Festa das Fogaceiras é uma tradição secular que, em 2005, completou
quinhentos anos, marcados pela devoção do povo das Terras de Santa
Maria. É a mais emblemática festividade do concelho de Santa Maria da
Feira.
A Festa das Fogaceiras teve origem num voto ao mártir S. Sebastião,
em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que
dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao
santo a oferta de um pão doce chamado fogaça.
S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira.
S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira.
No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão
que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito
Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias,
posteriormente repartidas pelo povo. Assim nasceu a Festa das
Fogaceiras.
Cumprida em cada dia 20 de Janeiro, esta promessa constitui uma referência histórica e cultural para as Terras de Santa Maria.
A Festa das Fogaceiras chegou até aos nossos dias com dois traços
essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da
bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai
da Igreja Matriz, percorrendo algumas ruas da cidade.
Com a proclamação da República, acrescentou-se um novo ritual: a
formação de um cortejo cívico, a partir dos Paços do Concelho rumo à
Igreja Matriz, antes da missa solene, que integra as meninas
“fogaceiras”, que levam as fogaças à cabeça, bem como as autoridades
políticas, administrativas, judiciais e militares e personalidades de
relevo na vida municipal.
A procissão festiva realiza-se a meio da tarde e congrega símbolos
religiosos, com destaque para o mártir S. Sebastião, bem como uma
representação civil, com símbolos autárquicos, económicos, sociais e
culturais de cada uma das 31 freguesias do concelho, numa curiosa
mistura entre o civil e o religioso.
No cortejo e procissão as atenções recaem, naturalmente, sobre as
fogaceiras, segundo a tradição “crianças impúberes”, provenientes de
todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas
coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de
prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo.
Inicialmente, as “fogaças do voto” eram distribuídas pela população
em geral, depois pelos pobres e mais tarde pelos presos, pobres e
personalidades concelhias, em fatias chamadas “mandados”. Actualmente,
são entregues às autoridades religiosas, políticas e militares que têm
jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira.