sexta-feira, 28 de abril de 2017
GERMUNDE - CASTELO DE PAIVA
LIVRO “ CARVÃO DE AÇO “ DE
ADRIANO MOREIRA
O livro “
Carvão de Aço” apresenta-se como um “memorial” de fotografias sobre as Minas do
Pejão, que o fotojornalista Adriano Miranda captou há 25 anos atrás e que, vai
agora ser lançado, em cerimónia solene, a ter lugar no feriado de 1 de Maio,
nas instalações do Poço de
Germunde ( PG1 ) em Pedorido, Castelo de Paiva, numa iniciativa que
terá o apoio da Câmara
Municipal de Castelo de Paiva, União de Freguesias da Raiva, Pedorido e Paraíso e da empresa Casa dos Reclamos.
O percurso
de um turno de trabalho dos mineiros das 8h às 15h e que termina na hora do
banho é a narrativa escolhida para o “Carvão de Aço”, uma obra que, conforme refere o autor, reúne 140 imagens
fotografadas a preto e branco na época dos negativos e da câmara escura, que
foram captadas a 400 metros de profundidade, apenas com as luzes das lanternas
dos trabalhadores.
“ Não é um
livro normal. O livro vai ser todo preto, desde a capa à contracapa. É como se
fosse uma peça de carvão. Não há miolo, nem margens brancas. O branco que
existe é apenas das fotografias. Tudo preto para se sentir a intensidade da
mina”, descreveu o fotojornalista em recente entrevista a agência
Lusa.
A convite
da Câmara
Municipal de Castelo de Paiva, e contando com o apoio dos
fundos europeus do Portugal
2020, através da intervenção da ADRIMAG, Adriano
Miranda vai revelar no Dia Internacional do
Trabalhador, um trabalho que realizou ao longo de três anos, enquanto
estudava fotografia no Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa.
O autor da
obra confessa agora que fez amigos nas Minas do Pejão, um local que se tornou uma espécie de vício durante quase
três anos, o período que demorou a realizar o trabalho fotográfico,
deslocando-se de Lisboa para Castelo de Paiva, para descer na “jaula”
(elevador), a 410 metros de profundidade e fotografar os mineiros, homens
“fortes” e “franzinos”, “novos” e “velhos”, e que “tinham um orgulho de aço” em
ter a profissão de mineiro.
Guardados
na gaveta há 25 anos, os "milhares de negativos" de Adriano
Miranda foram agora digitalizados e, durante a selecção das
imagens para o livro, o fotógrafo refere que encontrou “muitos tesouros” e
fotografias inéditas, como o de uma jovem mulher mineira, que vão ser
publicadas nesta obra agora editada.
Este livro
“ Carvão de Aço “ apresenta um grafismo do atelier
portuense Gráficos Associados, sendo que o “objecto” em que a nova edição está
a ser transformado é visto como “um memorial” ao trabalho e à resistência
desses mineiros do Pejão que perderam esse seu ganha-pão no ano de 1994, com o
fecho definitivo das minas, mas Adriano Moreira faz questão de sublinhar que, “ O
livro é preto, mas não é a cor do luto, é a cor da mina – é a cor de uma
homenagem “.
Por outro lado, à margem da apresentação do livro “Carvão
de Aço” em Castelo de Paiva, vai também, no mesmo dia e local,
ser realizada uma exposição fotográfica, com uma selecção de 20 imagens a preto
e branco, de Adriano
Miranda, que depois vai circular pelo país todo.
Recorde-se
a propósito que, no ano de 1994, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro,
deu-se a chamada "revolta dos mineiros das Minas do Pejão", onde cerca de 500 trabalhadores ficaram no
desemprego, depois do encerramento das minas, por orientação da Comunidade
Europeia.
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